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Eu quero convidar você para abrir a Palavra de Deus em: Efésios 4,25-32.
O apóstolo Paulo está falando para uma comunidade que já abraçou a fé e tem o desafio de viver uma vida nova. Imagine se no nosso corpo, a perna esquerda resolvesse mentir para a direita? Qual é a ação da mentira? É justamente a separação. É quando o apóstolo dos gentios exorta o povo a romper com esse mal e com tudo aquilo que separa.
A mentira é um veneno que mata aos poucos. E quantos casamentos, amizades, quantos relacionamentos foram morrendo aos poucos por causa desse mal. Como acontece a divisão na família quando a esposa não confia mais no esposo; quando uma família é marcada pela mentira ninguém confia em ninguém. Quando ela [mentira] entra a desconfiança consegue estragar a unidade. Uma mentirinha já é uma escolha pela ausência de Jesus. Quem mente entra em um processo vicioso.
A mentira faz os relacionamentos “incharem”; a verdade, por outro lado, os faz crescer; e inchar é diferente de crescer, porque crescer exige maturidade.
Hoje a Palavra nos exorta a dizer a verdade ao nosso próximo, diz também que podemos até sentir raiva, contanto que não pequemos. É natural sentirmos raiva, porque é um mecanismo de defesa.
Muitas vezes, nos comportamos como um “pit bull” dentro de casa e o interessante é que quando nos comportamos assim, acabamos “mordendo” aqueles que mais amamos. Maridos “mordendo” as esposas com palavra e comportamentos; mães “mordendo” os filhos, e os filhos avançando nos pais. Todo princípio de desordem vem de uma não administração da nossa raiva, e ainda a usamos como desculpa, como muleta, para justificar o pecado. Está com raiva, meu irmão? É instinto de sobrevivência, não esqueça, nós somos gente, não somos animais. É natural, por isso a Palavra diz: “Podeis irar-vos”.
Se pegarmos o Evangelho, veremos que diversas vezes Jesus teve raiva, mas o que Ele fez? Ele fez o bem. Se aprendemos com o modelo de Cristo, a nossa ira vai nos levar a fazer o bem. A ira é justamente a força que o nosso instinto tem para nos defender, mas sabe onde está o erro? Nós usamos a ira para atacar. Por isso precisamos administrar esse sentimento. “Podeis irar-vos, contanto que não pequeis”.
Quanto que esta frase pode salvar relacionamentos na nossa família, pois muitas vezes “engolimos sapo” no trabalho o dia inteiro e chegamos em casa descontando em todo o mundo. “Podeis até irar-vos, contanto que não pequeis”. Nós aprendemos aqui na Canção Nova com o nosso pai fundador, monsenhor Jonas Abib, que o problema é meu, mas a cara é do outro. Está com raiva? Engula-a, bota um sorriso no rosto, porque sua cara é do outro, porque o outro não tem nada a ver com a raiva que estamos sentindo.
Podemos sentir raiva, sim, porque nós somos de carne e osso, podemos até ficar irados, contanto que esta raiva não nos leve a pecar. É preciso administrar esse sentimento. A raiva de hoje precisa ser resolvida no dia de hoje.
“Não se ponha o sol sobre o vosso ressentimento”. Este é o dever que nós temos de resolver as nossas pendências durante o dia de hoje, porque não sabemos se teremos o dia de amanhã. Existem pessoas que têm gosto de carregar uma coleção de ressentimentos e, assim, se tornam amargas. As pessoas vão juntando esses sentimentos malévolos e ficam empacadas neles [ressentimentos]. É difícil engolir uma pessoa que parece mais um jiló. E uma pessoa amarga tem a força de amargar qualquer ambiente.
E quando o “jiló” está dentro da nossa casa? E quando este “jiló” sou eu? É tempo de mudar! Precisamos sair do “discurso espiritual”, para viver no concreto da nossa vida. Que a nossa boca seja usada para edificar e não para demolir.
Padre Fabrício de Andrade
Comunidade Canção Nova
Transcrição e adaptação: Célia Grego
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Revista Canção Nova de junho de 2010
