Prof. Felipe Aquino

São Cosme e Damião são santos mesmo?

Sim, eles são santos e mártires do Império Romano no século IV, por isso a Igreja celebra a sua memória. Eles foram martirizados em Ciro (na Síria), durante a perseguição de Diocleciano, último imperador romano que perseguiu os cristãos.

A data de 27 de setembro corresponde provavelmente à dedicação da basílica que o Papa Félix IV (526-530) mandou construir em honra aos dois santos no Foro Romano; a qual é meta mais de turistas do que de devotos pela beleza do mosaico que a decora. A rica família florentina dos Médici, que por muitos anos dirigiu os destinos da cidade, escolheu a ambos como padroeiros por causa do nome.

Segundo a tradição eles eram dois irmãos que curavam “todas as enfermidades, não só das pessoas, como também dos animais, fazendo tudo gratuitamente”. Por serem médicos foram escolhidos como patronos dos médicos e dos farmacêuticos. Segundo ainda uma tradição, São Damião, contrariando à regra de caridade adotada pelos dois, aceitou a remuneração de uma mulher por ele curada, de nome Paládia, o que teria provocado uma severa bronca da parte do irmão, que protestou não querer ser sepultado ao lado dele após a morte. Deve ter havido testemunhas do fato, porque após a decapitação deles, os cristãos pensaram em sepultar seus corpos um pouco longe um do outro. Conta-se que um camelo, ao assumir voz humana, bradou em alta voz para unirem os dois irmãos, esclarecendo que Damião aceitara o modesto honorário oferecido por Paládia em nome da caridade para não humilhar a pobre senhora.

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Segundo a mesma tradição (que pode ser lenda) os dois irmãos teriam sido condenados ao apedrejamento, mas as pedras voltavam contra os perseguidores. Então teriam sido colocados diante de quatro soldados para que fossem atingidos por flechas, mas “os dardos também voltavam para trás e feriam a muitos, porém os santos nada sofriam”. Conta-se que foram obrigados a recorrer à espada para a decapitação, honra reservada apenas aos cidadãos romanos e somente assim os dois mártires, juntamente com outros três irmãos, puderam prestar seu testemunho a Cristo.

A Idade Média era fértil em produzir esse tipo de lenda para exaltar a glória dos santos. Não somos obrigados a acreditar nessas tradições que não têm uma comprovação histórica confirmada, mas também não as podemos descartar de todo. Se não é possível confirmá-las; por outro lado não é possível provar a sua total falsidade, já que para Deus tudo é possível. Contudo, a Igreja não tem dúvidas de que os santos gêmeos existiram e foram mártires.

Infelizmente o culto desses santos benfeitores foi misturado ao sincretismo religioso dos cultos afro e outros, causando confusão no povo católico. No dia de sua celebração (26 de setembro), algumas entidades religiosas não católicas costumam distribuir doces para as crianças. Evidentemente os católicos não devem participar disso, pois é uma promoção não católica. No entanto, os católicos que desejarem mandar benzer balas e pães para as crianças, com a bênção desses santos, podem fazê-lo. Esta prática só será válida para os cristãos se for feita por pura caridade, sem qualquer outra conotação ocultista ou esotérica. Eles devem ser cultuados na fé da Igreja e nas Santas Missas.

Professor Felipe Aquino
Pregador e escritor católico e apresentador do programa “Escola da Fé” da TVCN