Em uma das missas celebradas aqui na Canção Nova, ouvi na homilia do padre Carlos César, uma expressão que até então não tinha ouvido: ele dizia que o seu professor de Bíblia, ao falar de Deus-Amor, concluía: Deus é Amar. Esta frase soou dentro de mim com vibração, pois é verdade, o Amor é um ato contínuo. Não dá para dizer que amamos a Deus se não fazemos a experiência diária de nos dar incansavelmente no amar.
O centro da fé cristã se resume em: “Deus é amor, e quem permanece no amor permanece em Deus e Deus nele” (1Jo 4,16).
Quem experimenta o amor de Deus, visualiza um novo horizonte, toma em sua vida um novo rumo, projeta-se na doação de si.
Nosso papa Bento XVI, em sua carta encíclica “ Deus é amor“, escreve: “Só a minha disponibilidade de ir ao encontro do próximo e demonstrar-lhe amor é que me torna sensível também diante de Deus. Só o serviço ao próximo é que abre os meus olhos para aquilo que Deus faz por mim e para o modo como Ele me ama . O amor cresce através do amor” .
Como espelho, temos Maria, Mãe do Senhor. Todo programa de sua vida foi expresso ao visitar Isabel e ali permanecer com ela cerca de três meses. O seu cântico A minha alma engrandece o Senhor é um retrato de sua alma, através do qual ela exprime o farol que a norteia: não colocar-se a si mesma no centro, mas dar espaço ao Deus que encontra tanto na oração como no serviço ao próximo, só então o mundo se torna bom. Maria é grande, precisamente porque não quer fazer-se grande a si mesma, mas engrandecer a Deus.
Maria é uma mulher que ama. Porque ela fez a experiência de Deus, guardou a Sua Palavra e cultivou a intimidade com Deus. Ela não pode ser senão uma mulher que ama. Porque ela fez a experiência do amor de Deus, era uma mulher que amava, e o seu amor estava sempre em ação: nos seus gestos silenciosos durante a infância de Jesus; na sua bondade e presteza nas bodas de Caná, quando recorreu ao seu Filho em favor da necessidade dos noivos; na vida pública de Jesus, pois O seguiu como uma discípula sem nunca exigir seus direitos de mãe, e se pôs como primeira discípula indo com Ele até o calvário, onde permaneceu em pé junto à cruz.
Finalmente, em Pentecostes, é presença para os discípulos na expectativa do Espírito Santo prometido. São tantos fatos, e muitos outros não registrados nos Evangelhos, que fazem da Virgem Maria modelo para todos os tempos. Mas especialmente para os nossos dias, nos quais a linguagem do amor mostra muitas faces antagônicas ao amor Divino, único capaz da realização plena do ser humano.
Supliquemos ao Pai para sermos testemunhas de Seu Filho, como Maria, pela obediência à Sua Palavra, pela caridade fraterna, pela total doação de si. Ela tem um coração que vê. Esse coração vê onde há necessidade de amor e, como conseqüência, atua.
Trabalhe e reze.
Fique em silêncio, reze, ame e reze. Escute e reze.
Não discuta, não queira ter razão: cale-se. Não julgue, não condene: ame.
Não olhe, não queira saber: abandone-se.
Não arrazoe, não entre na profundidade dos problemas: creia.
Não se agite, reze.
Não se inquiete, não se preocupe: tenha fé.
Quando você fala, Deus se cala e você fala coisas equivocadas.
Quando discute, Deus é esquecido e você peca.
Quando você argumenta, Deus é humilhado e você pensa em coisas tolas.
Quando você se apura, Deus é distanciado e você tropeça e cai.
Quando você se agita, Deus é lançado fora e você fica na obscuridade.
Quando você julga o irmão, Deus é crucificado e você se julga a si mesmo.
Quando você condena o irmão, Deus morre e você se condena a si mesmo.
Quando você desobedece, Deus fica distante e você morre.
Co-fundadora da Comunidade Canção Nova
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