Nasci numa família católica e somos seis irmãos.
Meus pais vieram da zona rural quando eu tinha 13 anos, com a finalidade de dar estudos aos filhos. Foi assim que eu estudei em colégios católicos, embora não tivesse o hábito de ir à igreja. Aos 15 anos comecei a namorar um rapaz da Força Aérea e com 23 anos nos casamos; era 1972. Após a lua de mel, com 45 dias de casados, ele, voltando de uma missão militar de cinco dias, pilotando uma aeronave, sofreu uma pane atingindo um fio de alta tensão, vindo a falecer junto com um companheiro de missão.
Viúva, com meus sonhos todos frustrados, mergulhei entre a dor, a insegurança e a revolta! Numa expressão: meu mundo caiu! Na angustia eu perguntava-me: O que eu farei da minha vida?. Entretanto, foi surgindo em mim um grande desejo de encontrar um sentido
para os meus dias, e, por isso, tomei a decisão de doar-me aos sofridos e abandonados. Imediatamente ingresseina faculdade de Serviço Social. Mesmo assim eu continuava com um enorme vazio interior!
Sentia que precisava recorrer a algo que estivesse acima de mim. Eu estava machucada com Deus e no meu entendimento Ele era o culpado de tudo o que me acontecera. Mas a misericórdia do Senhor é infinita, ela alcança todas as criaturas e me alcançou também! Ganhei de uma amiga o livro “A Cruz e o Punhal” de David Wilkson. Em cada pagina que lia avolumava- se em mim o desejo de me entregar a Deus. Resolvi procurar ajuda espiritual! Foi quando fui encaminhada para fazer um encontro de jovens com Pe. Jonas Abib, em agosto de 1973.
Naquele retiro eu fiz a experiência do amor de Deus. Tive o meu encontro pessoal com Cristo, e nunca mais fui à mesma pessoa! A misericórdia divina invadiu meu coração e eu me vi como Maria Madalena que, graças ao seu encontro com o Senhor ressuscitado, superou o desânimo e a tristeza causados pelo golpe da morte (cf. Jo 20, 11-18). Entendi, com o passar dos anos que, em sua nova dimensão pascal, Jesus ressuscitado nos convida a anunciar aos seus discípulos que Ele ressuscitou: Vai aos meus irmãos (Jo 20,17).
Foi exatamente o que eu fiz: Entreguei-me inteiramente ao Senhor! Apesar dos riscos e desafios da primeira conversão, Pe. Jonas me acolheu para estar ao seu lado na evangelização, juntamente com outros jovens e adultos. Eu fui me encontrando como cristã e evangelizadora, assumi minha vocação de mulher de Deus chamada a anunciar Cristo com alegria e fortaleza, mas, sobretudo com o testemunho na minha própria vida. Eu acolhi e assumi que Deus me chamou na minha vocação de mulher. Como o Concílio Vaticano II nos ensina: “Mas à hora vem, a hora chegou,em que a vocação da mulher se realiza em plenitude, a hora em que a mulher adquire no mundo uma influência, um alcance, um poder jamais alcançado até agora.
Por isso, no momento em que a humanidade conhece uma mudança tão profunda, as mulheres iluminadas do espírito do Evangelho tanto podem ajudar para que a humanidade não decaia’. Maria, cheia do Espírito Santo, vai ao encontro do outro; não deixa faltar o vinho novo na celebração diária das nossas bodas com Deus; é exemplo de coragem e permanece com Cristo até ao pé da cruz; recebe o filho ferido e morto em seus braços, ela que tudo vê e guarda tudo em seu coração. Maria, mais do que ninguém, me adestra na minha vocação! Ela gerou Jesus, educou-o e preparou-o para a missão. Só Ela pode ensinar-nos mulheres mães, profissionais, consagradas e leigas, a encontrar-nos com Cristo e anuncia-lo com a nossa vida, especialmente aos mais necessitados. Maria é na minha vocação cristã, sinal de consolação, de encorajamento e de esperança.
O nosso Papa nos diz que Ela dirige-se assim: “Tenha coragem de ousar com Deus! Tenta! Não tenha medo dele! Tenha a coragem de arriscar com a fé! Tem a coragem de arriscar com a bondade! Tem coragem de arriscar com o coração puro! Comprometa-te com Deus, e então verás que precisamente assim a tua vida se há de tornar ampla e iluminada, porque a bondade de Deus jamais se esgota.
Co-fundadora da Comunidade Canção Nova
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