DIA DA CONSCIÊNCIA NEGRA

Deus, vendo toda Sua obra, considerou-a muito boa.

Espero que, ao ler este texto, você consiga perceber para onde nós caminhamos enquanto sociedade, ou mesmo para onde eu caminho se não me posiciono frente às realidades que são diferentes de mim. Vou usar a palavra “diferente”, pois é assim que a pessoa negra é vista.

Existe beleza no diferente? Sou capaz de conviver com ele? A diferença tem a força de nos aproximar ou não de alguém? Que padrão usamos para “medir” as pessoas? É certo que sempre responderemos que é a partir da nossa maneira de pensar e agir, porque em tudo levamos muito de nós, e com isso temos receio do diferente em nosso espaço.

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Será que existem distinções, realmente, ou nós as criamos para justificar o que sai do nosso padrão de vida e de escolhas? Deus haveria errado na Sua obra? A raça negra tem suas particularidade, as quais habitam na diversidade de cores que expressa a beleza de Quem as pintou. A ‘ditadura da beleza’ engessou pensamentos e não permitiu diferenças, fechou-se no universo imposto pela ficção mundana.

Nós, que cremos em Deus, não podemos entrar na ficção mundana nem olhar para ela, pois, assim, descobriremos que a beleza no “aparentemente diferente” vai sempre nos instigar a descobrir o outro nas suas particularidades. Então, se existe o Dia da Consciência Negra, é porque Deus errou em Sua obra?

Diz o Santo João Paulo II na Carta aos Artistas: Deus criou o homem, o fruto mais nobre do Seu projeto, e o Catecismo da Igreja Católica nos afirma, falando da dignidade da pessoa, que Ele fundamenta Sua criação à Sua imagem e semelhança (cf. CIC 1700). Então, olhando para Deus, o Ser perfeito no ato de criar, n’Ele não há erro. E hoje trabalhamos para que se crie uma consciência da obra de Deus.

Reconheço que, olhando para o meu passado, fui vítima de racismo, tive meu currículo rasgado, fui suspeita de que iria roubar alguma coisa, ganhei apelidos etc. Mas, quando caminhamos com Deus, redescobrimos o nosso valor como pessoas criadas por Deus, descobrimos que nossa cor nos dá um colorido, deixando, sim, as diferenças explícitas na pele, mas com as mesmas potencialidades internas, as quais, muitas vezes, não são exploradas, mas menosprezadas.

Quando descobrimos nossa beleza, fortalecemos nossa essência e somos respeitados, porque, na Obra da Criação, não dá para haver críticas se Deus nos fez belos. Não é questão de se impor, mas de reconhecer que há traços que lhe são próprios; e o diferente deveria chamar à atenção, porque nos abre horizontes.

O retorno às raízes da raça negra – principalmente o cabelo –, responde também a um novo encantamento de si, vindo de dentro e não de fora, como eram, muitas vezes, determinado pela sociedade. O fato de sermos diferentes não quer dizer que não sejamos belos. Entre nessa aventura e descubra a pessoa e não sua pele!

Darlene Cristina de Castro
Missionária da Comunidade Canção Nova