SANDRO ARQUEJADA

Viver da Providência é lançar-se como criança no colo do Pai

A Canção Nova vive da Providência de Deus, ou seja, da total dependência da Sua vontade. Contamos com a generosidade de cada coração grato ao Senhor, que mensalmente contribui com as campanhas do projeto “Dai-me Almas” para que alcancemos os 100% e continuemos levando o amor de Deus a muitos lares, famílias e corações.

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Foto: Daniel Mafra – cancaonova.com

Sandro Arquejada, missionário da Canção Nova, explica o que é viver da Providência Divina e nos convida a nos aventurarmos a viver desse modo: dependendo unicamente de Deus: 

A partir de duas músicas: “Barco a Vela” e “Não dá mais pra voltar”, quero partilhar com você o que é a experiência de viver um dos princípios que regem a Canção Nova – o Viver da Divina Providência.

Quer viver também este princípio? Embarque conosco, pois o barco já vai zarpar para o alto-mar, para as águas profundas, pois “O mar é Deus” e precisamos nos aprofundar n’Ele. Para iniciar a viagem, o primeiro passo a ser dado é deixar as próprias seguranças. Vivemos tentando chegar à realização, só que fazemos isso sozinhos, buscamos encontrar um sentido para nossa vida exclusivamente naquilo com que sonhamos, em nossos desejos, nos frágeis projetos humanos e em nossas reservas (cf. Lc 12, 16-20). Fazemos disso o nosso porto seguro. Perdemo-nos querendo ser “os deuses de nós mesmos”.

No entanto, o primeiro intuito da Divina Providência é encaminhar-nos à nossa vocação. Esse é o ponto central de atuação de Deus em nossa vida, pois Ele, que nos criou, sabe o sentido da nossa existência e por que viemos ao mundo, e nisso está nossa felicidade e realização. A música “Não dá mais pra voltar” menciona “o barco sou eu”, e este barco somos nós, por isso desapeguemo-nos do cais em que estamos atracados.

Soltemos a corda que nos amarra ao porto, deixemos as seguranças. Aceitemos o plano de Amor que o Senhor tem para nossa vida no todo e em dimensão integral – afetiva, financeira e profissionalmente – em nossos dons e tudo o mais. Permitamos que o Senhor interfira em todas as áreas da nossa vida e até descarte algumas coisas se necessário for. Querer fazer do “meu jeito” é ir contra “o vento forte que me leva para frente, que é o Amor de Deus”.

Outra característica do viver da Providência de Deus está neste trecho da música “Barco a vela”: “Quem deixa Deus ser Deus vê melhor aquilo que os olhos não podem ver”. O cuidado do Senhor vai muito além do que é material e terreno. Deixemos cair por terra a impressão de que Deus só se manifesta a nós quando atingimos nossos objetivos, principalmente os materiais. É uma grande tentação interpretarmos a Providência Divina somente quando o resultado é certa prosperidade aos olhos dos homens, quando não temos custos ou quando há curas, sinais e prodígios.

O Senhor não nos poupa, contudo, muitas vezes o mar ficará revolto (cf. Mt 8, 23-26). Daí as dificuldades, privações, humilhações, e elas virão, pois são uma via da Providência de Deus para, primeiramente, nos capacitar para nossa missão, e num segundo intuito, purificar nossa alma e coração, usando, assim, dessa nossa vocação para ser também um meio que nos leve à salvação.

Não tenhamos medo das provações! Por elas seremos “impulsionados a desbravar um novo mundo”. Deus quer nos dar a visão do mundo espiritual, uma compreensão superior. A felicidade verdadeira vem da certeza entranhada de que tudo está sob o domínio do Senhor (cf. At 16, 22-26). Por isso a esperança é uma força vital no Cristianismo. Não esperamos reconhecimento, sabemos que ninguém vive de sucesso, nem de momentos de êxtase todo o tempo, a maior parte da nossa vida é vivida no ordinário, ou seja, no escondimento, nos bastidores. Sim! Deus nos fala também por intermédio das humilhações, das faltas e do imprevisto. Lancemo-nos como crianças no colo do pai, pois “tudo concorre para o bem daqueles que amam a Deus” (Rm 8 ,28). Quando não entendermos alguma coisa, ou tudo der errado, perguntemos ao Senhor o que Ele quer de nós.

Outro aspecto do viver da Divina Providência é a responsabilidade. “Escolhe mal quem escolhe só”, ou seja, mesmo estando em Deus, temos que aprender a fazer escolhas. Deus Pai mostra o rumo, mas o velejador, apesar de estar sendo levado pelo vento “que o leva pra frente“, precisa esforçar-se e fazer sua parte dentro do barco. O Altíssimo não tira de nós o trabalho. Aliás, trabalho é o que não falta na vida de quem vive da Providência de Deus. Paulo, mesmo evangelizando, não se esquivava dos trabalhos mais simples para não ser pesado a ninguém (cf. II Ts 3, 8). Viver da Divina Providência não é “se escostar” no que os outros podem nos oferecer.

Ainda dentro desse último aspecto, no ser responsável está também o ser previdente. Você se lembra das dez virgens? (cf. Mt 25, 1-12). Cinco delas foram chamadas de tolas e as outras cinco, de prudentes, porque levaram óleo para suas lâmpadas. Ser previdente de modo algum contradiz o deixar as seguranças. Temos um exemplo fantástico do que é ser previdente quando monsenhor Jonas Abib diz em suas pregações: “Eu fiz um esquema para essa pregação, mas o Senhor mudou tudo”. Perceba que o padre Jonas fez a parte que lhe cabia, estudou o tema, leu e fez a exegese bíblica, mas na hora da pregação, estava dócil, deixou o Senhor desconsiderar seu trabalho e fazer como o céu quis.

Na Canção Nova dizemos que “tudo é definido, mas nada é definitivo”. Para tudo existe um planejamento, mas não engessemos a sabedoria divina se quisermos ser surpreendidos por ela.

Ser previdente diz única e exclusivamente de “fazer bem todas as coisas”, fazer bem a nossa parte. Portanto, tomemos cuidado para não achar que previdência é nos aproximarmos de alguém só para obter vantagens ou aceitar presentes e favores que vão nos amarrar a essa pessoa e aos interesses dela. O barco precisa estar “solto pelo mar”, livre para dizer “não” mesmo a quem muito nos favoreceu. Caso contrário, este agrado não era providência, mas um laço do inimigo de Deus que deve ser recusado!

Ah! Claro! Na Canção Nova vivemos a pobreza evangélica, que talvez não lhe seja possível vivê-la, mas, com certeza, Deus vai se agradar da sua sobriedade. Um ponto para começar a refletir sobre isso é confrontar se nós, de fato, precisamos de tudo aquilo que temos! Se nós não o usamos, talvez o Senhor queira que sejamos o canal da providência para alguém.

Deus o abençoe!

Sandro Arquejada
Missionário da Canção Nova
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Deus lhe pague!

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