No Evangelho de São Mateus, podemos ler uma claríssima instrução de Jesus a respeito da vivência da Palavra de Deus. Ali, podemos perceber que não basta conhecer a Palavra e nem mesmo orar sobre a Palavra. Jesus diz: Nem todo aquele que me diz: Senhor, Senhor, entrará no Reino dos céus, mas sim aquele que faz a vontade de meu Pai que está nos céus (Mt 7,21). Com maior seriedade ainda, vemos o Senhor assegurar: Muitos me dirão naquele dia: Senhor, Senhor, não pregamos nós em vosso nome, e não foi em vosso nome que expulsamos os demônios e fizemos muitos milagres? E, no entanto, eu lhes direi: nunca vos conheci. Retirai-vos de mim, operários maus! (Mt 7,22-23).
Percebe-se daí, que há maneiras de até mesmo causar certos prodígios vistosos, de ter eloqüência de palavras, de fantasias religiosas, sem contudo estar verdadeiramente em união com o Senhor. Isso consiste em iludir os outros e a si mesmo. Seria terrível provocar tais efeitos prodigiosos em busca somente de poderio econômico, o que, infelizmente, tem acontecido com certas pseudo-igrejas que baseiam sua pregação e sua obra na chamada teologia da prosperidade.
O Senhor exige de quem prega, de quem ora, de quem deseja vencer o mal, viver autenticamente a Palavra de Deus, colocando-se sincera e humildemente em submissão à vontade do Pai. Do contrário, tudo o que fazemos, até mesmo afirmando fazê-lo em nome de Deus, não terá nenhuma consistência e poderá ser causa de nossa condenação.
O esforço diário de colocar a Palavra de Deus em nossa vida é o fundamento sólido de nossa obra e de nossa salvação.

Por isso, o Senhor prossegue dizendo: Aquele, pois, que ouve estas minhas palavras e as põe em prática é semelhante a um homem prudente, que edificou sua casa sobre a rocha. Caiu a chuva, vieram as enchentes, sopraram os ventos e investiram contra aquela casa; ela, porém, não caiu, porque estava edificada na rocha… (Mt 7,24-25).
Na verdade, tudo nesta terra passa: os momentos de glória e os problemas, as riquezas, os desafios e as vitórias. Mas a Palavra de Deus não passa e está firme por toda a eternidade, como afirma Jesus: O céu e a terra passarão, mas minhas palavras não passarão (Mt 24,35).
Viver a Palavra é estar sempre aberto à ação do Espírito Santo e sempre atento à vontade de Deus. Maria foi a mais fiel servidora do Senhor, em quem o Altíssimo realizou maravilhas. Sua decisão de cumprir a vontade de Deus é revelada ao anjo Gabriel: Eis aqui a serva do Senhor. Faça-se em mim segundo a tua palavra (Lc 1,38). Essa decisão é o protótipo para todos os que amam autenticamente a Cristo. Ela é a expressão máxima na Bíblia no que se refere à vivência da Palavra. Toda a existência de Maria, desde a anunciação do anjo até o nascimento da Igreja, nos mostra que ela é a imagem viva e reluzente da fidelidade a Deus e à sua Palavra.
Pedro Apóstolo, fiel discípulo do Senhor, que experimentou também momentos de fraqueza humana mas foi sempre confirmado pelo Senhor, pôde exclamar após o discurso eucarístico de Jesus:Senhor, a quem ríamos nós? Tu tens a palavra da vida eterna (Jô 6,68).
Somente possuirá a vida eterna quem vive na Palavra do Senhor, como nos afirmou Jesus de forma clara e animadora: Se alguém guardar a minha palavra, não verá jamais a morte (Jô 8,51).
Bispo Diocesano de Jundiaí
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