Conversão de São Paulo

'Saulo, Saulo, por que me persegues?'

A conversão sensacional de São Paulo foi um dos fatos mais marcantes da história do Cristianismo. Cristo o escolheu e designou para ser o apóstolo dos pagãos, os que eram chamados de gregos pelos judeus. Para isso Deus precisava de um homem culto, que falasse, como ele, o grego, o latim e o hebraico e pudesse então pregar em toda a terra conhecida. Entre os Doze Apóstolos da Galileia não havia alguém com este preparo. Paulo era o homem certo. Primeiro era um judeu ortodoxo, nasceu em Tarso, hoje Turquia, que era uma próspera cidade romana onde se falava o grego; e por judeu falava também o hebraico. E por estar no Império Romano sabia o latim. Por outro lado, era cidadão romano, tinha “passaporte” romano, porque seu pai havia comprado a cidadania romana por alto preço. Assim o apóstolo dos gentios podia viajar livremente por todo o Império, com os direitos de cidadão romano, sem ser proibido. Era um cidadão do mundo, cosmopolita.

Mas Saulo era judeu radical, rabino e fariseu formado na escola do rabino Gamaliel desde os 15 anos de idade, e como todo judeu jamais aceitaria que a fé de Abraão fosse estendida a todos os povos; por isso perseguia os cristãos severamente, levando-os à prisão e à morte, e acreditava que a “seita do Caminho” [como eles chamavam o Cristianismo no início] precisava ser aniquilada. Quando o primeiro mártir da Igreja, Santo Estevão, foi morto em Jerusalém, Paulo guardava as vestes daqueles que o apedrejaram; era uma espécie de “comandante do apedrejamento”. Mas Estevão morreu perdoando a todos eles; e assim “acumulou brasas ardentes sobre as suas cabeças” (cf. Rom 12,20; Prov 25,21). Da mesma forma que Jesus morreu perdoando aos algozes d’Ele, levando o centurião romano à conversão aos pés de Sua cruz. “Este homem é verdadeiramente o Filho de Deus”. O perdão dado gera conversão do agressor.

Depois disso Saulo rumou para Damasco, na Síria, sedento de aniquilar os seguidores da nova “seita do Caminho”, mas Cristo o deteve; mostrou-se a ele que caiu por terra e reconheceu que era Jesus, cujos discípulos ele perseguia. Junto com a queda, aconteceu a conversão; Jesus apenas lhe diz: “Saulo, Saulo, por que me persegues?” O futuro apóstolo entendeu então que não perseguia apenas os discípulos de Jesus, mas o próprio Cristo em cada um deles. É a realidade do Corpo Místico de Cristo, a Igreja, onde cada um é membro deste Corpo (cf. I Cor 12,28).

Paulo, então, dominado, não tem outra palavra, senão esta: “Senhor, o que queres que eu faça?”. E Cristo o envia ao velho Ananias, que lhe dará o batismo da salvação. E Deus diz a Ananias: “Este homem é para mim um instrumento escolhido, para levar o meu nome diante das nações pagãs, dos reis e dos filhos de Israel. Eu mesmo lhe mostrarei quanto lhe é preciso sofrer em favor do meu nome” (At 9,15-16).

E tudo isso se realizou plenamente na vida do grande apóstolo, que fez de Cristo a razão do seu viver: “Fui crucificado junto com Cristo. já não sou mais eu quem vivo, é Cristo que vive em mim. Minha vida presente na carne eu a vivo pela fé no Filho de Deus, que me amou e morreu por mim” (Gal 2.20-21).

Desta conversão radical surgiu o grande apóstolo dos gentios, da Antioquia na Síria, e Jerusalém, ele mergulhou nos países pagãos: fez três grandes viagens missionárias percorrendo a Turquia de hoje, a Grécia, Macedônia, chegando a Roma e à Espanha, pregando a todos o Evangelho, sofrendo ultrajes, muitas flagelações, prisões, fome, naufrágios e calúnias, ameaçado de morte muitas vezes, tendo de fugir de diversas cidades por causa das perseguições. Nesses mais de trinta anos de apostolado escreveu 13 cartas fundamentais que deram base à teologia católica, uma riqueza que somente um doutor em Bíblia, inspirado pelo Espírito Santo, podia compor. Sua caminhada é sua luta por Cristo e pela Igreja; a conquista de almas para Jesus só cessou quando, no ano 67, na cruel perseguição de Nero, sua cabeça foi decepada.

Professor Felipe Aquino
Pregador e escritor católico e apresentador do “Pergunte e responderemos” e “Escola da Fé” da TVCN

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