Luzia Santiago

O masculino e o feminino na Canção Nova

Foi no ano de 1976, quando monsenhor Jonas conduzia a juventude da Diocese de Lorena – levando os jovens a viver um encontro pessoal com Cristo a partir de uma vida nova no Espírito Santo.

Luzia Santiago
Foto: Arquivo CN

Eu era uma entre aqueles jovens. Fazíamos os nossos retiros de fim de semana na fazenda Morada do Sol, na cidade de Areias (SP), local que fora generosamente cedido por um casal de fazendeiros, o Gandur e a Izis. Jovens de toda a região, inclusive do estado do Rio de Janeiro e Sul de Minas, vinham participar dos nossos encontros que eram chamados de “Maranathás”, “Ágapes”, “Experiências de Oração”, entre outros.

Todos saíamos daqueles encontros inflamados do amor de Deus, com um único desejo no coração: construir o homem para reconstruir o mundo. Como costumávamos dizer: Fazer uma “Revolução Jesus”; isto é, a “Revolução do Amor”. Com a vida nova em Cristo, fazer acontecer uma sociedade nova, com novos valores. Trazíamos em nós uma sede de santidade, de mudar a face da terra com o amor e a bondade de Deus. Foi nessa atmosfera de alegria e entusiasmo que nasceram as músicas do CD do monsenhor Jonas: “O AMOR VENCERÁ”. Entre as melodias, nasceram “Eu Busco um Mundo de Sol” e “A Virgem do Silêncio”.

Acreditávamos que Deus reservava para nós algo novo, inédito, que não podíamos calcular, também na área dos relacionamentos masculino e feminino. Monsenhor Jonas falava muitas vezes do exemplo de Clara e Francisco, que mostraram ao mundo que – em Deus – é possível viver a castidade e a pureza de vida, e que era isso exatamente que o Senhor queria de nós. Foi em um Maranathá de rapazes que ele compôs a música “Tema de Clara e Francisco” que diz assim: “Irmão Francisco, irmão de todo irmão. Clara de Assis, irmã de toda irmã (…)”.

Cantam ao mundo que só Deus nos bastará, o amor é lindo, ele vencerá. Irmão Francisco vem nos ensinar. Clara de Assis aponta o que fazer. Para que o Senhor seja o tudo em mim. Para só servi-Lo, que devo fazer? Pedra por pedra, com esperança de ver Jesus. Dia após dia, com alegria sempre buscando além (…)”

Ele escreveu o tema em uma folha de seringueira e o enviou para mim, para que eu entendesse que era isso justamente que Deus estava realizando em nossas vidas. Até hoje eu a tenho nos meus guardados. Ele trazia o exemplo da cana e do álcool. É da cana que sai o álcool. Porém, para se chegar ao álcool, a cana tem que passar por muitos processos. Ela tem que se deixar passar pela moenda muitas vezes, vira bagaço, fermenta, vai se deixando destilar até chegar ao álcool puro. Assim também Deus faria conosco se nos submetêssemos a Ele. Deus estava fazendo conosco o que Ele queria fazer com muitos jovens e adultos: a experiência de viver a santidade nos relacionamentos, a partir da pureza e da transparência uns com os outros; do deixar-se transformar pela ação do Espírito Santo na própria afetividade, sexualidade, na sua história pessoal de vida. Isso, para que, com o amor de Deus curando a nossa humanidade, pudéssemos conviver santamente como Clara e Francisco e muitos outros santos que a nossa Igreja testemunha.

Monsenhor Jonas e eu tivemos que enfrentar muitos preconceitos, julgamentos e constrangimentos, mas apesar de todas as dificuldades fomos em frente, conscientes de que Deus nos unia para algo além de nós mesmos e de quaisquer sofrimento e obstáculo que pudessem aparecer.

Em 1977, ele lançou o apelo para os jovens que o acompanhavam: “Quem estava disposto a dar um ano da sua vida para viver em comunidade para evangelizar”? Eu, como sempre conto, vencendo os meus medos, dei finalmente o meu “sim”; e no dia 2 de fevereiro de 1978, eu estava entre os 12 primeiros que aceitaram o apelo de Deus: moças e rapazes, homens e mulheres, agora vivendo juntos em comunidade, em união fraterna em vista de uma Missão.

Homens e mulheres trabalhando juntos, realizando juntos o carisma de inflamar o mundo em Jesus Cristo. Foi assim que começamos a experimentar de maneira prática a graça do masculino e do feminino vividos juntos numa sadia convivência. “Deus estava fazendo conosco o que Ele queria fazer com muitos jovens e adultos: a experiência de viver a santidade nos relacionamentos…” Deus nos deu uma riqueza, uma pérola preciosa: o respeito uns pelos outros, o amor fraterno, a nossa vida de oração juntos e o nosso trabalho santificado, que nos faziam e nos fazem portadores desta bênção para a sociedade em que vivemos. Somos homens e mulheres em contínua conquista da castidade e da pureza de vida. Para a Igreja e para o mundo de hoje isso é um vigoroso sinal.

Com simplicidade e gratidão aceitamos viver esse desafio!

Luzia Santiago
Co-fundadora da Comunidade Canção Nova


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