Companheiros de Missão

'O evangelizador não é um comunicador, um artista'

A última vez que ela comprou roupa com dinheiro próprio foi há mais de dez anos. Marelena Cardoso Ribeiro, 34 anos, “Mari” para os amigos, lembra até a hora – 16h35 – do dia 20 de janeiro de 1998, quando passou a não mais saber o que é receber um salário no final do mês. Trabalha oito horas por dia, como milhões de brasileiros, mas vive numa casa onde uma jovem, na função conhecida como “caixinha”, recebe uma quantia quinzenal para suprir as necessidades básicas dela e de mais cinco moças. Filha de um casal de lavradores da pequena Itaipulândia, no Oeste do Paraná, Mari não passou a infância na escola. Teve que trabalhar até os 13 anos em plantações de soja e algodão.

Marelena Cardoso
Foto: agência publicidade Canção Nova

Mais tarde, foi babá, cozinheira, faxineira e secretária. No auge da juventude, quando poderia buscar o conforto material que a família nunca teve, optou pela vida consagrada na sede da Comunidade Canção Nova, em Cachoeira Paulista, no interior de São Paulo. No local, promoveu eventos durante nove anos e meio e há oito meses é responsável pelos agenciadores de músicos que cantam no Brasil e exterior. “Eu trabalho para construir um lugar no céu”, afirma. Quando precisa de alguma coisa que não pode comprar, Mari fala com a “caixinha” e reza. “Outro dia, percebi que meu tênis rasgou em dois lugares que não dava para costurar. Rezei e, após alguns dias, uma amiga me telefonou dizendo que estava me mandando um tênis como presente de aniversário atrasado. E o par era idêntico ao que eu tinha e havia se estragado”, conta. Casamento? Mari entrou para a Canção Nova querendo ser celibatária, mas com o passar do tempo descobriu ser chamada por Deus ao matrimônio. E espera. “Acredito na promessa de Deus. O Deus que promete não é um Deus que brinca”.

A história é um exemplo entre os mais de mil missionários da Comunidade Canção Nova, solteiros, casados, celibatários, seminaristas e padres, que acham pouco trabalhar por dinheiro ou fama. O ideal que abraçam é o de “dar a vida” pelo Evangelho, seguindo os passos do carismático monsenhor Jonas Abib, 71 anos, que fundou a comunidade em 1978, ao lado de 12 jovens, e atualmente recebe uma média de 60 novos vocacionados por ano. Advogados, dentistas, médicos, empregadas domésticas, professores e estudantes aderem à vida de castidade, pobreza e obediência em prol do que eles mesmos chamam de “salvação de almas”, primordialmente através dos meios de comunicação de eventos.

Padre Bruno Costa
Foto: agência publicidade Canção Nova

Gente como o padre Bruno Costa, 30 anos, que também mora na sede da comunidade. Com seu falecido avô de grande atuação política na Paraíba, quase foi candidato a vereador, pois sonhava em ser presidente da República. Deixou tudo para trás após um encontro de oração com monsenhor Jonas em 2000, no qual levantou a mão em público e disse sentir o chamado ao sacerdócio. Padre há dez meses, nunca deve chegar a Brasília como presidente, mas vai à capital do País ao menos uma vez por mês para celebrar missa com deputados e senadores. Missão que ele considera indispensável. “Parece um ímã. Aonde vou, sempre aparece gente do executivo e do legislativo pedindo orientação, conselho e confissão. Os políticos também fazem parte do povo de Deus”. Em uma semana, ele já enfrentou a maratona de organizar um evento em Porto Alegre; celebrar missas na capital e interior do Rio de Janeiro; pregar em Campinas, no interior de São Paulo; aconselhar e atender em confissão a um grupo de empresários, em São José do Rio Preto, também no interior paulista. Sente cansaço, mas também realização. “Se existe alguém feliz neste mundo, chama- se padre Bruno Costa. Não trocaria esta vida por nenhuma outra”, exclama.

Lúcio Domício e a esposa
Foto: agência publicidade Canção Nova

E o que o padre vive não é muito diferente do que o missionário Lúcio Domício, 36 anos, experimenta na casa de missão da Canção Nova, em Fátima, Portugal. A novidade é que Lúcio é casado e pai de dois filhos. Responde pelo andamento de um canal de TV, uma emissora de Rádio, uma revista e eventos missionários, tendo que conciliar missão e dedicação à família. Acorda cedo para rezar, estudar a Bíblia e fazer algo que gosta muito: preparar o café da manhã. “As crianças precisam perceber que nossa vida missionária faz de nós melhores pais para elas, e não o contrário”, aponta.

Vanúsia Cerqueira
Foto: agência publicidade Canção Nova

Quem opta por uma doação mais radical, abraça o celibato, como Vanúsia Maria do Espírito Santo Cerqueira, 37 anos, dona de um sorriso que se destaca. Todos os dias, às 5h, ela está de pé para uma jornada de oração, missa, trabalho e convivência com irmãs e irmãos de comunidade, em Cachoeira Paulista. “Deus colocou o selo da indivisibilidade no meu coração”, testemunha.

O presidente da Comissão Episcopal para Animação Missionária da CNBB, Dom Sérgio Castriani, diz que a maneira de viver na Canção Nova atende às necessidades de missão da Igreja. “O evangelizador não é um comunicador, um artista. É algo mais. Senão, bastaria que contratássemos uma agência de publicidade. A evangelização supõe pessoas convertidas, que transmitem um testemunho de vida”. Para monsenhor Jonas, o dia-a-dia dos membros da comunidade é mais que um detalhe. É o segredo para a eficácia do apostolado que não pára de se expandir pelo Brasil e exterior. “Nós comunicamos um Deus vivo e vivido”, indica.

Os missionários da Comunidade Canção Nova ao todo são 1.073 pessoas que assumem o carisma Canção Nova. 672 na comunidade de vida, ou seja, aqueles que deixam tudo e passam a morar numa casa de missão da comunidade, no Brasil ou no exterior. 401 na comunidade de aliança, aqueles que continuam em suas próprias casas, em seus trabalhos, mas assumem as regras de vida da comunidade, buscando santificar as realidades do mundo em que estão inseridos.

Os Missionários da Canção Nova no exterior:
• Assunção (Paraguai) …..7 pessoas
• Fátima (Portugal) ……..48 pessoas
• Jerusalém (Israel) ……….8 pessoas
• Marietta (EUA) ………..21 pessoas
• Roma (Itália) ………………9 pessoas
• Toulon (França) …………8 pessoas

Maurício Rebouças
Missionário da Canção Nova e estudante de jornalismo


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