PALAVRA DA IGREJA

O amor como essência do matrimônio

O nascimento do filho faz com que o matrimônio se desdobre em família. Esta, porém, não é uma comunidade diferente do matrimônio. Física e psicologicamente traz os traços distintivos de seus pais. Desse modo, expressa a união e a comunhão de vida deles. Aperfeiçoa sua união, conduzindo-a a um alto grau. O nascimento, o desenvolvimento e a educação dos filhos constituem, para os esposos, uma escola de maturidade moral e espiritual. A experiência tem demonstrado que a paternidade e a maternidade tornam mais rica a união dos esposos.

O amor como essência do matrimônio

Resumindo, podemos afirmar que a união dos esposos é ordenada a dois fins complementares: a felicidade dos cônjuges e a procriação. Eles asseguram a perpetuidade da espécie humana. Assim, a natureza obtém o fim principal em vista do qual o matrimônio existe. Assim, a procriação é fim não só no sentido de “bem” pelo qual alguém se casa, mas no sentido de “bem” que dá acabamento ao matrimônio.

Este fim deve ser desejado e procurado porque não só conduz o matrimônio à sua última realização, como também porque associa os cônjuges à obra criadora de Deus. De fato, um dos aspectos mais importantes da visão cristã do matrimônio é aquele que mostra os esposos colaborando diretamente na obra mais eminente do Criador. Eles, pois, não têm dois papéis a cumprir no matrimônio: de uma parte, assegurar a realização mútua; de outra, formar uma família. Um está estreitamente unido ao outro.

É necessário observar, porém, que a procriação não compreende só a geração, mas também a forma de um lar favorável à aparição da vida e ao desenvolvimento da personalidade. A missão dos esposos não consiste simplesmente em transmitir a vida, mas, por intermédio da educação, dar à luz personalidades acabadas. Quando, pois, se afirma que o amor conjugal é fecundo por natureza, isso significa que ele tende não somente a desabrochar em novas vidas, como também a desenvolvê-las com a ajuda da educação.

O sentido do matrimônio não pode ser procurado só na procriação, no entanto, também não pode ser procurado independente dela. Este nexo entre matrimônio e procriação, entre amor sexual e fecundidade, é tão profundo que a Igreja considera inválida a realização do matrimônio que, intencionalmente, exclua a procriação.

Dom Benedito Beni dos Santos
Bispo emérito de Lorena (SP)