A arte de escolher

A arte de escolher

“A alegria precisa ser construída a partir das nossas escolhas”

“Alegrai-vos sempre no Senhor. Repito: alegrai-vos!”. (Fl 4,4)

Esta Palavra é provocativa para nós, cristãos, porque num coração triste não pode habitar Deus. A nossa alegria precisa produzir frutos. Seja o que for que façamos, pensemos
ou falemos a respeito de Deus, se não estivermos alegres, tudo será em vão, não produziremos frutos. Não convenceremos as pessoas a respeito da fé, sem alegria.

“Como o Pai me ama, assim também eu vos amo. Perseverai no meu amor. Disse-vos essas coisas para que a minha alegria esteja em vós e a vossa alegria seja completa”. (Jo 15,9.11)

Jesus revela o amor de Deus por nós para que a nossa alegria seja completa, pois a experiência de sermos amados por Deus nos dá a garantia de que “nem a tribulação, a angústia, a perseguição, a fome, nem mesmo a morte, pode nos separar do amor de Deus”. (Rm 8,35-39)

Às vezes somos levados a pensar que quando estamos abatidos não podemos viver na alegria, mas, em uma pessoa com a vida centrada em Jesus, a tristeza e a alegria podem conviver.

Os santos, por exemplo, ilustram bem essa verdade. Eles passavam por grandes sofrimentos, angústias, inúmeras tribulações… Com freqüência descobrimos em sua vida alegria em meio a tristeza.

Nos tempos mais tristes da minha vida foi onde tive a oportunidade de tomar consciência de que em mim existia essa força espiritual que vem de Deus, que era mais forte do que eu, o que me permitiu viver a dor com esperança. Na angústia encontrei alegria.

A alegria contagia, mas da mesma forma a tristeza. Existem pessoas que se alegram por pouco e contagiam a todos com este pouco; outras, ao contrário, também por tão pouco se entristecem, se chateiam e acabam também contagiando os que estão a sua volta com seus aborrecimentos.

A alegria, porém, precisa ser construída a partir das nossas escolhas. Alegria e tristeza não dependem só das circunstâncias da vida, depende de como escolho encarar essas circunstâncias.

Duas pessoas podem ser vítimas de um mesmo acidente, para uma aquilo pode ser motivo de gratidão, enquanto que para outra pode representar uma tragédia, às vezes até insuperável. As circunstâncias são as mesmas, mas a maneira de reagir é diferente.

”Pois a tristeza matou a muitos, e não há nela utilidade alguma”. (Eclo 30, 25)

Nosso pai espiritual, Padre Jonas, é um exemplo de alguém que sabe escolher. Ele irradia alegria, não porque sua vida seja fácil, mas porque reconhece a presença de Deus em meio aos sofrimentos. Muitas vezes ele não nega a grande tristeza que o envolve, ele não é insensível, mas o seu espírito vai sempre em direção a Deus.

Seu lema: ”O problema é meu, a cara é dos outros”.

Quando vemos seu olhar sereno e seu sorriso gentil não imaginamos o que se passa no seu coração, porém ele não perde a fé e a esperança, por isso escolhe a alegria de quem confia.

É importante nos darmos conta que em cada momento da nossa vida temos a oportunidade de escolher a alegria, e assim nos tornarmos pessoas melhores, menos amargas e ásperas. Quando optamos pela alegria, contagiamos o ambiente a nossa volta e somos fonte de cura para os outros.

Simoni Cavazzani