HOMILIA - SANTA MISSA DO CLUBE DA EVANGELIZAÇÃO

Ser verdadeiramente um homem novo

Homilia da Santa Missa do Clube da Evangelização, presidida pelo padre Roger Luís no dia 11 de fevereiro de 2015.

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo narrado por São Marcos.
Capítulo 7, versículos de 14 a 23

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Jesus nos chama a uma experiência de intimidade com Ele. No Evangelho, ao chamar a multidão para estar perto d’Ele, era o convite para que aquele povo fosse íntimo d’Ele. Vivamos nesta terra caminhando com nossos olhos voltados para o céu. A morte é apenas o começo da linda história que Deus tem para nós na eternidade.

Não é o que entra em nós que nos faz impuros, mas sim o que sai. Cristo faz uma lista de coisas que nos mantêm na espiritualidade superficial e que saem de nosso coração. São elas: as más intenções, imoralidades, roubos, assassinatos, calúnia, orgulho, falta de juízo e tantas outras coisas más que saem de nosso interior, fazendo-nos homens e mulheres impuros.

Viver o céu é estarmos totalmente dentro da vontade de Deus. E Deus é totalmente puro. Há lugar para a impureza no Senhor? O que sai do homem é o que o torna impuro.

Não nos achemos bons, mas desconfiemos de nós mesmos. A primeira arma poderosa para alcançarmos a santidade é desconfiar de nós mesmos. Entendamos a realidade do pecado original, os nossos primeiros pais pecaram e nós, apesar do nosso batismo, carregamos conosco sequelas do pecado e trazemos em nós a concupiscência dos olhos e da carne. A carne é fraca, por isso rezemos: “Senhor, me dê o dom de desconfiar de mim mesmo, porque se confiar em mim vou cair, pois trago dentro de mim a atração para o pecado e para a impureza. E eu não quero me expor, por isso me dê o dom de desconfiar de mim mesmo”.

Consideremos o quanto somos limitados e incapazes de sozinhos merecer entrar no Reino de Deus. Somente pela graça de Deus é que chegaremos ao céu. Que sejamos humildes para reconhecer isso. Tenhamos a consciência da nossa forte inclinação para o pecado e para os inimigos que nos rodeiam [diabo, mundo e nós mesmos], pois eles são mais fortes do que nós. Aproveitemos também as nossas quedas no pecado para que nos aprofundemos na consciência da nossa fraqueza.

São Tomás de Aquino nos ensina que há duas mortes: a do corpo e a da alma. A morte espiritual se dá quando esta [alma] se separa de Deus e tem como causa o pecado. Aos olhos da fé nada é mais grave do que o pecado, porque ele traz graves consequências para a nossa vida. Como nos ensina a Palavra de Deus: o salário do pecado é a morte, ou seja, a morte espiritual, o afastamento de Deus. O Senhor tem um projeto de felicidade para todos nós e precisamos ser renovados em Seu Santo Espírito para não perdermos esta graça.

Clamemos: “Senhor, realize em mim uma transformação e faça na minha vida uma obra nova”.

A maior obra do diabo, cujo objetivo é nos fazer cair, é nos tirar da comunhão com Deus. Quando nos afastamos de Deus, o inimigo nos fragiliza e nos enfraquece. Uma pessoa não perde a graça da vida eterna com um único fato, mas sim quando, pouco a pouco, vai abrindo espaços para que o mal adentre e tome conta de sua vida.

São João declarou que Cristo é o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo. A obra do inimigo em nós é o pecado. O pecado nos leva à morte eterna. Somos nós quem decidimos o que queremos ou não, pois temos livre-arbítrio.

Quantos têm se deixado dominar pelo pecado. “É desígnio de Deus que toda alma desregrada seja para si mesma seu próprio castigo”, assim dizia Santo Agostinho. E completa: “Pecar é destruir o próprio ser”.

Os pecados capitais são aqueles que “mandam” nos demais pecados. Eles são a soberba, a avareza, a luxúria, a gula, a ira, a inveja e a preguiça. Santo Afonso de Ligório diz que os vícios atraem outros vícios e que as virtudes atraem outras virtudes. Precisamos buscar as virtudes para alicerçar nossa vida em Deus.

O alicerce é muito importante numa construção. Na construção da nossa vida, nosso alicerce é Jesus Cristo. Mas existem alguns riscos para os quais o Senhor nos adverte:

“Portanto, quem ouve estas minhas palavras e as põe em prática é como um homem sensato, que construiu sua casa sobre a rocha. Caiu a chuva, vieram as enchentes, os ventos deram contra a casa, mas a casa não desabou, porque estava construída sobre a rocha. Por outro lado, quem ouve estas minhas palavras e não as põe em prática é como um homem sem juízo, que construiu sua casa sobre a areia. Caiu a chuva, vieram as enchentes, os ventos sopraram e deram contra a casa, e ela desabou, e grande foi a sua ruína!” (Mateus 7,24-27). A obediência a Cristo é o nosso alicerce.

“De fato, se algum de vós quer construir uma torre, não se senta primeiro para calcular os gastos, para ver se tem o suficiente para terminar? Caso contrário, ele vai pôr o alicerce e não será capaz de acabar. E todos os que virem isso começarão a zombar: ‘Este homem começou a construir e não foi capaz de acabar!’” (Lucas 14,28-30)Quantas pessoas começaram tão bem em sua caminhada espiritual, mas ficaram no alicerce.

“Pois nós somos cooperadores de Deus, e vós, lavoura de Deus, construção de Deus. Segundo a graça que Deus me deu, eu, como bom arquiteto, coloquei o alicerce, sobre o qual outro se põe a construir. Mas cada qual veja bem como está construindo. De fato, ninguém pode colocar outro alicerce diferente do que já está colocado: Jesus Cristo. Se então alguém edificar sobre esse alicerce com ouro, prata, pedras preciosas ou com madeira, feno, palha, a obra de cada um acabará sendo conhecida: o Dia a manifestará, pois ele se revela pelo fogo, e o fogo mostrará a qualidade da obra de cada um. Aquele cuja construção resistir ganhará o prêmio; aquele cuja obra for destruída perderá o prêmio – mas ele mesmo será salvo, como que através do fogo” (1 Coríntios 3,9-15). Tomemos cuidado com o material que temos usado para a construção da nossa vida!

Como as virtudes da fortaleza, da temperança e da justiça têm se manifestado em nós? Muitos estão doentes espiritualmente devido a seus pecados. Deus pode tudo e quer transformar nossa vida e nos dar a vida eterna. Precisamos nos colocar em Suas mãos e pedir que Ele nos modele. Que o Senhor sopre em nossas narinas o sopro do Espírito Santo para que voltemos às origens de nossa formação, para que sejamos imagem e semelhando d’Aquele que nos criou. Renunciemos aos pecados e vivamos as virtudes.

Rezemos com fé: “Eu quero que a graça de Deus transforme a minha vida. Sopra em nós, Senhor, Teu sopro de vida. O Espírito Santo para nos dar uma vida nova. Que Teu Espírito devolva em nós o sabor e o desejo pela vida eterna e que tomemos a decisão de viver Contigo, viver as virtudes e buscar a santidade. Amém”.

Padre Roger Luís
Sacerdote da Comunidade Canção Nova