Nossa intimidade com a Palavra de Deus vai nos auxiliando a enxergar as realidades mais próximas e corriqueiras da nossa vida de um jeito renovado, ainda que tenhamos de reconhecer nossos erros e exageros como caminho certo para atingirmos uma visão mais cristã da vida e das pessoas com as quais convivemos. Pegue a sua Bíblia e leia o Evangelho de Mateus 13,54-58, veja o que mais chamou sua atenção, leia-o uma vez mais e faça silêncio para escutar a voz de Deus em seu interior.
Jesus estava na sua terra, ou seja, entre as pessoas que O conheciam, eram da mesma região, da mesma cidade e frequentavam a mesma sinagoga. Num primeiro instante, todos ficam admirados com o jeito de Jesus ensinar, eles queriam estar perto e ouvir o que Ele falava. O Senhor Jesus era uma novidade e isso atraía a atenção de todos. Entretanto, começaram a procurar saber da origem d’Ele: quem era o pai, a mãe, os parentes… Até chegarem à conclusão de que Jesus e sua família moravam no meio deles.
Bastou isso para trocarem a admiração do início por uma postura de descrença com Ele, diz a Palavra que ficaram escandalizados por causa dele. Muitas vezes, fazemos o mesmo com aqueles que moram conosco, que são da nossa família e do nosso convívio. Desacreditamos que sejam capazes de nos surpreender positivamente. Várias vezes enxergamos qualidades maravilhosas nos outros, nunca entre aqueles que nos são mais próximos. Foi isso que fez Jesus afirmar: “Um profeta só não é estimado em sua própria pátria e em sua família!”, e a justificar a ausência de muitos milagres ali por causa da falta de fé daquelas pessoas.
O jeito superficial de enxergar as pessoas e as realidades que nos cercam, muitas vezes, gera em nós posturas e discursos que desvalorizam e deformam os relacionamentos, principalmente dentro de uma família, no trabalho, na igreja e com os amigos. Quando deixamos que a proximidade do dia a dia nos faça perder a admiração de uns pelos outros, acabamos empobrecendo os relacionamentos e nos fechando às inúmeras possibilidades de crescimento humano.
Não podemos permitir que a convivência com as pessoas mais próximas de nós seja a desculpa para não acreditarmos que elas podem realizar grandes coisas e terem muitos dons. Peçamos ao Senhor que renove o nosso jeito de olhar para as pessoas, para que, antes dos preconceitos e julgamentos, venha o olhar cristão sobre todos. Busquemos enxergar as qualidades de cada pessoa, inclusive as nossas próprias qualidades, pois quem não enxerga bem a si mesmo, dificilmente conseguirá ver o outro de forma justa.
Não precisamos viver na ilusão de que vamos conviver com pessoas perfeitas, porém, também não é verdade que essas mesmas pessoas só têm limites e defeitos. Vê melhor quem enxerga com o coração, quem não despreza a pessoa que está ao seu lado e sabe acolher, com amor e respeito, as pessoas com as quais convive. Isso pode mudar o mundo!
Nós cristãos podemos e devemos dar a nossa contribuição para que isso seja uma realidade concreta. Que tal começar por nossa família? Tenho certeza de que isso já seria um caminho aberto para verdadeiros milagres.
Padre Fabrício
Membro da Comunidade Canção Nova
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