Materia Eto

Para tudo há um tempo, recorda Eto

“Esperei no Senhor com toda a confiança. Ele se inclinou para mim e ouviu meus brados” (Sl 40, 1)

Lembro-me de algo que vivemos logo nos primeiros tempos da Canção Nova. Pouca gente nos conhecia. Eu e meu amigo Campos programávamos a venda de nosso material de evangelização, quando conhecemos a promotora da Canção Nova no Rio de Janeiro. Ela se chamava Terezinha do Meier. Era uma senhora que dava a vida pela obra de Deus. Foi a Terezinha que me ensinou que, se cuido das coisas de Deus, Ele cuida ainda melhor das minhas. Ela era uma guerreira, nunca esmorecia, e, mesmo tendo urn filho deficiente, trabalhava dia e noite para Deus.

Mas Deus necessitava dela a seu lado como nossa intercessora, por isso Ele a levou tao rápido. Um câncer generalizado tomou seu corpo e poucas forças the restavam quando, um dia, o padre Jonas e eu fomos visitá-la. Ela teve um gesto que jamais esquecerei: tirou do pescoço uma corrente de ouro e mandou que eu a usasse. Para mim, aquela corrente se tornou um grande tesouro, por causa daquele gesto e da lembrança de Terezinha.

Anos depois, em plena campanha do ouro para a construção do Centro de Evangelização, durante o programa “Deus proverá”, me veio uma pergunta: “Eu não tenho nada a dar para a campanha?” Lembrei-me de um prendedor de gravata muito antigo, de ouro, com duas pedras preciosas (um rubi e uma esmeralda), que meu pai havia me deixado. Não tive dúvida: tomei-o e o entreguei como parte da minha história pessoal com minha família, certo de que havia feito a vontade de Deus. Passados alguns dias, no mesmo programa, chegou um e-mail, para mim, perguntando-me se eu tinha dado tudo de ouro que me pertencia. Imediatamente, pensei na corrente; e aí foi o mais doído, pois eu percebi o quanto eu era apegado àquele presente. Então, veio-me à mente esta passagem do evangelho de Mateus:

“Não ajunteis para vós tesouros na terra, onde a ferrugem e as traças corroem, onde os ladrões furam e roubam. Ajuntai para vós tesouros no céu, onde não os consomem nem as traças nem a ferrugem, e os ladrões não furam nem roubam. Porque onde está o teu tesouro, lá também está teu coração (Mt 6, 19-21).

Resolvi rezar nessa intenção. A decisão era só minha. E então Deus me fez ver claramente que a Terezinha havia me deixado responsável pela corrente de ouro para que eu a dedicasse à obra de Deus. Entreguei a corrente. Foi urn alívio! Cumpri a missão. Eu me tornei um fiel depositário dos tesouros de Deus. Foi pela fé que, em seus últimos momentos de vida, a Terezinha me entregou aquela corrente, mesmo sabendo que não veria seu pequeno objeto ser incorporado à obra de Deus.

Essa lição eu guardo até hoje no coração e sempre a resgato quando me vejo ansioso por resultados rápidos, por respostas imediatas.

A memória daquele ato de fé da Terezinha é, para mim, um constante recado de Deus para que eu me lembre de que o nosso tempo não é igual ao tempo d’Ele.

Para tudo há um tempo, para cada coisa há um momento debaixo dos céus (Ecl 3,1).

.: Do livro: Se Deus é Por Nós

Veja também:
.: Editora: Se Deus é Por Nós, Wellington Silva Jardim

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