O Senhor cumpre sua Palavra

O Senhor é bom e sempre cumpre a sua Palavra

Com simplicidade e alegria escrevo estas linhas a respeito da Evangelização dos povos, numa chave testemunhal.

O documento de Puebla constatou que a nossa sociedade apresenta aos jovens e a todos nós, não a Pessoa do verdadeiro Deus, mas, na sua superficialidade, contenta-se em nos indicar apenas os falsos deuses, ou seja, os ídolos!

Os três ídolos mais facilmente identificáveis e significativos que foram evidenciados e, infelizmente, permanecem com maior sutilidade: o Ter, o Poder e o Prazer. Eles sustentam uma cultura centrada no EU, onde a “felicidade” consiste em possuir, comandar e gozar sempre.

O Evangelho, assim como os documentos da Igreja, sobretudo a partir do Concílio Vaticano II, do qual já nos distanciamos nada menos que 40 anos, mostra-nos claramente a necessidade de superarmos a centralidade do EU para chegarmos à centralidade do CRISTO. Ele nos provou, com a doação de sua vida, que, verdadeiramente, “Deus nos amou primeiro”.

Alguém poderia afirmar que somente ele, como Deus, pode nos surpreender com esse “amor primeiro”, mas que nós, simples criaturas, ainda que feitos à Sua semelhança, jamais poderemos surpreendê-lo com o nosso amor limitado. Não é bem assim! O nosso Deus é tão bom que nos permite surpreendê-lo com gestos de amor criativo, quando os fazemos aos nossos irmãos! Somente assim podemos realizar a potencialidade que recebemos como dom, desde o nosso Batismo, de amar criativamente.

Para evangelizar, é preciso, primeiramente, que sejamos livres de muitas coisas, especialmente de nós mesmos, para sermos significativos aos outros… É preciso não só “sermos para”, mas sim, “sermos com” os demais. Essa segunda atitude é ainda mais importante que a outra!

A experiência da Igreja hoje, os documentos atuais e, sobretudo, os nossos Pastores, movem cada um de nós a evangelizar em Comunidade. Não é desejável e nem mesmo é possível evangelizar individualmente, ou seja, sem uma vivência comunitária, sem a riqueza do testemunho da vida em comum.

O já citado Concílio Vaticano II nos impele, em seu documento Ad gentes (“Aos povos”), a levarmos o Evangelho e a Luz, que é Cristo, a todos os povos; porém nos recorda que, pelo Batismo, todos somos missionários, por isso devemos e podemos evangelizar sempre, onde nós nos encontramos… Daí necessidade e a importância da disponibilidade constante em servir.

Eu pensei, até os 18 anos, que Nosso Senhor me havia preparado para evangelizar através de uma família que eu sonhava construir, a exemplo da bela família composta por oito filhos da qual fui o mais velho. O Senhor, porém, demonstrou que desejava o meu serviço evangelizador como Salesiano e padre. Entendi que deveria renunciar todo o meu cabedal de experiência familiar, vivido e adquirido até então… Mas, como Deus é, sobretudo, bom, permitiu que eu pudesse viver, desde os 18 anos, em Comunidade (que não deixa de ser uma grande família) e utilizar toda a riqueza vivida entre os meus, na construção das Comunidades por onde tenho passado, nesses longos 34 anos de vida salesiana.

Nos últimos seis anos, vivo, na Universidade Pontifícia Salesiana, em Roma, a riquíssima experiência de animar uma Comunidade Internacional de 60 Irmãos, provenientes de quase 30 países diferentes, que fazem o seu mestrado ou doutorado. Esforçando-me para construir a unidade e descobrir a linguagem e os sinais adequados de cada um, sinto que faço a bela experiência da inculturação e me enriqueço na diversidade de culturas.

Posso constatar, com grande alegria e emoção, o quanto o Senhor tem sido bom e tem cumprido a sua Palavra em restituir-me o cêntuplo daquilo que eu renunciei por amor a Ele, aos jovens e aos menos favorecidos.

Que Nossa Senhora, o Auxílio dos cristãos e a Estrela da nova evangelização, ajude-nos a construir comunidades irradiantes, que sejam sinais significativos do Amor de Deus a todos os povos!

Padre Antonio Carlos Altieri – SDB

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